Leituras de referência:
FARIAS, Isabel M. et al. Didática e docência: aprendendo a profissão. Brasília: Liber, 2009.
MASETTO, M. T. Professor universitário: um profissional da educação na atividade docente In: MASETTO, Marcos T. (org). Docência na universidade. Capinas: Papirus,1998.
PIMENTA, Selma G. A profissão professor universitário: processo de construção da identidade. In: CUNHA, M. I. Docencia universitária: profissionalização e praticas educativas. Feira de Santana: UEFS Editora, 2009.
RAMOS, Katia M. Reconfigurar a profissionalidade docente universitária: um olhar sobre ações de atualização pedagógico-didática. Porto: Universidade do Porto, 2010.
REFLEXÕES SOBRE O SER PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
Ser professor universitário não é, nunca foi,
e, talvez, nunca será fácil. Por muito tempo era esperado de quem trabalhava
como professor, que fosse alguém inspirador, cheio de virtudes, uma pessoa que
merecia o respeito de todos. Atualmente, além de se exigir que o professor
transmita e ensine conhecimentos técnicos, espera-se que ele seja capaz de
mudar comportamentos e atitudes dos alunos.
A profissão de professor é antes de tudo uma
profissão de tomada de decisão em sistemas complexos onde interagem inúmeras
variáveis das quais o professor faz parte, nessa perspectiva exercer a
profissão de magistério no ensino superior é desafiante. Uma vez que, esta
precisa mudar sua concepção de mera transmissora de conhecimentos, para a
educação de futuros cidadãos na nova sociedade. Assim, a educação precisa se
aproximar mais de aspectos éticos, coletivos, comunitários comportamentais e
emocionais, estando a serviço de uma educação democrática dos futuros cidadãos,
na tentativa de construir uma identidade profissional.
Desse modo, a construção
da identidade profissional se dá a partir de vários referenciais: significação
social da profissão; revisão destes significados; revisão das tradições e por
vezes, reafirmações de práticas consagradas culturalmente e que ainda
permanecem válidas. É uma identidade que se assenta no embate entre teorias e
práticas, na análise e construção de novas teorias. O professor também contribui
na cristalização da sua identidade a partir do significado que ele atribui à
sua atividade docente no cotidiano. Com base nos seus valores, visão de mundo,
história de vida, representações pessoais, angústias e anseios é que emerge em grande
parte o sentido que tem em sua vida o ser professor. Esse arcabouço de valores
pessoais é constantemente confrontado com sua rede de relações com outros
professores, bem como com profissionais de outras áreas , buscando ser um
professor de sucesso.
Mas, para ser um
professor de sucesso na universidade é preciso romper com a forma tradicional
de ensinar e aprender, baseando-se na participação entre os sujeitos envolvidos
professor, aluno e gestor, buscando a reconfiguração dos saberes, a
reorganização da relação teoria/prática, a inovação pedagógica, inclusão das
relações sócio-afetivas como condição da aprendizagem significativa e ser o
protagonista da realidade a qual está inserido.
Para ser um excelente
professor precisa ter as características mencionadas acima, que na verdade não
precisa para ser um excepcional pesquisador. Na verdade, o papel do professor
traz para o indivíduo a necessidade de um preparo para o desempenho adequado. Além
de saber os conhecimentos sobre determinada área da realidade, que se
converterá no conteúdo de ensino, alia-se ao domínio de recursos teóricos e
metodológicos para transmissão, partilha e socialização dos conhecimentos.
Hoje, portanto, é necessário ao professor saber lidar com uma
diversidade cultural que antes não existia no ensino superior, decorrente do
ingresso de um público cada vez mais heterogêneo. Um público que pode, por um
lado, não estar tão bem preparado, tanto emocional quanto intelectualmente,
para o ingresso no ensino superior; um público talvez mais jovem, mais imaturo,
e, por vezes, pouco motivado e comprometido com sua aprendizagem, tendo em
vista que o ensino superior hoje não é mais garantia de um emprego estável no
futuro, mas um público que pode, por outro lado, ser muito mais exigente quanto
à qualidade do curso oferecido, tendo em vista especialmente o alto grau de
competitividade do mercado de trabalho.
Podemos concluir que o professor universitário não se forma,
hoje, para atuar necessariamente em uma universidade, porém, num complexo
sistema de ensino superior, que envolve diferentes instituições e tipos de
cursos. Mas, mais que isso, além de preparar-se para agir neste meio, para
trabalhar com o novo perfil de alunos que chegam ao ensino superior, como
também com o novo perfil exigido dos egressos do ensino superior, acreditamos
que seja necessário a este professor conhecer esta realidade e saber entendê-la
e analisá-la, ou seja, torna-se necessário que o professor desenvolva
estratégias que permitam a ele refletir sobre sua docência e o contexto mais
amplo no qual ela se acha inserida.
Os saberes não obtidos
na formação inicial nem pela formação em nível de pós-graduação, serão obtidos
ao longo da carreira, com a labuta do dia a dia, decorrentes de um espírito
investigativo e inovador da sua prática docente, lembrando que os saberes que fazem parte do trabalho do professor
universitário são, principalmente, o estudo e a pesquisa; a docência, sua
organização e o aperfeiçoamento de ambas; a comunicação de suas investigações;
a inovação e a comunicação das inovações pedagógicas; a orientação (tutoria) e
a avaliação dos alunos; a participação responsável na seleção de outros
professores.
Portanto, a indissociabilidade entre ensino, pesquisa, extensão
gestão e representação/consultorias institucionais, a perspectiva de produção
de conhecimento e a autonomia de pensamento, o incentivo à criticidade e à
criatividade, a flexibilização de espaços, tempos e modos de aprendizagem, a
emergência da interdisciplinaridade, a necessidade de integração teoria e
prática, a necessidade de separação de dicotomias (teoria/prática,
forma/conteúdo entre outras), a necessidade de domínio de novas habilidades
decorrentes de avanços tecnológicos (como uso de realidade virtual), o resgate
da ética, a incorporação da afetividade, a ênfase ao posicionamento político do
professor e a centralização do processo educativo na aprendizagem do aluno,
entre outros fatores que aqui poderíamos enumerar, alteram profundamente o
perfil necessário ao professor numa instituição de ensino superior e nos chamam
a atenção para a necessidade de que estes professores, ou futuros professores,
estejam conscientes desses processos nos quais se acham envolvidos.
Parabéns Prof. Carloney,
ResponderExcluirseu mapa está bem sintético e apresentando os conceitos chaves dos textos.
Senti falta de um comentário sobre o impacto das tecnologias, que também aparecem nos textos.
Bom estudo para nós!
Fernando
Obrigado professor Fernando Pimentel.
ExcluirAprendizagem é construída dialogando com os pares.
Vamos nessa!!!