quinta-feira, 26 de abril de 2012

MAPA CONCEITUAL - O professor no Ensino Superior


Leituras de referência:
FARIAS, Isabel M. et al. Didática e docência: aprendendo a profissão. Brasília: Liber, 2009.
MASETTO, M. T. Professor universitário: um profissional da educação na atividade docente In: MASETTO, Marcos T. (org). Docência na universidade. Capinas: Papirus,1998.
PIMENTA, Selma G. A profissão professor universitário: processo de construção da identidade. In: CUNHA, M. I. Docencia universitária: profissionalização e praticas educativas. Feira de Santana: UEFS Editora, 2009.
RAMOS, Katia M. Reconfigurar a profissionalidade docente universitária: um olhar sobre ações de atualização pedagógico-didática. Porto: Universidade do Porto, 2010.


REFLEXÕES SOBRE O SER PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

Ser professor universitário não é, nunca foi, e, talvez, nunca será fácil. Por muito tempo era esperado de quem trabalhava como professor, que fosse alguém inspirador, cheio de virtudes, uma pessoa que merecia o respeito de todos. Atualmente, além de se exigir que o professor transmita e ensine conhecimentos técnicos, espera-se que ele seja capaz de mudar comportamentos e atitudes dos alunos.
A profissão de professor é antes de tudo uma profissão de tomada de decisão em sistemas complexos onde interagem inúmeras variáveis das quais o professor faz parte, nessa perspectiva exercer a profissão de magistério no ensino superior é desafiante. Uma vez que, esta precisa mudar sua concepção de mera transmissora de conhecimentos, para a educação de futuros cidadãos na nova sociedade. Assim, a educação precisa se aproximar mais de aspectos éticos, coletivos, comunitários comportamentais e emocionais, estando a serviço de uma educação democrática dos futuros cidadãos, na tentativa de construir uma identidade profissional.
Desse modo, a construção da identidade profissional se dá a partir de vários referenciais: significação social da profissão; revisão destes significados; revisão das tradições e por vezes, reafirmações de práticas consagradas culturalmente e que ainda permanecem válidas. É uma identidade que se assenta no embate entre teorias e práticas, na análise e construção de novas teorias. O professor também contribui na cristalização da sua identidade a partir do significado que ele atribui à sua atividade docente no cotidiano. Com base nos seus valores, visão de mundo, história de vida, representações pessoais, angústias e anseios é que emerge em grande parte o sentido que tem em sua vida o ser professor. Esse arcabouço de valores pessoais é constantemente confrontado com sua rede de relações com outros professores, bem como com profissionais de outras áreas , buscando ser um professor de sucesso.
Mas, para ser um professor de sucesso na universidade é preciso romper com a forma tradicional de ensinar e aprender, baseando-se na participação entre os sujeitos envolvidos professor, aluno e gestor, buscando a reconfiguração dos saberes, a reorganização da relação teoria/prática, a inovação pedagógica, inclusão das relações sócio-afetivas como condição da aprendizagem significativa e ser o protagonista da realidade a qual está inserido.
Para ser um excelente professor precisa ter as características mencionadas acima, que na verdade não precisa para ser um excepcional pesquisador. Na verdade, o papel do professor traz para o indivíduo a necessidade de um preparo para o desempenho adequado. Além de saber os conhecimentos sobre determinada área da realidade, que se converterá no conteúdo de ensino, alia-se ao domínio de recursos teóricos e metodológicos para transmissão, partilha e socialização dos conhecimentos.
Hoje, portanto, é necessário ao professor saber lidar com uma diversidade cultural que antes não existia no ensino superior, decorrente do ingresso de um público cada vez mais heterogêneo. Um público que pode, por um lado, não estar tão bem preparado, tanto emocional quanto intelectualmente, para o ingresso no ensino superior; um público talvez mais jovem, mais imaturo, e, por vezes, pouco motivado e comprometido com sua aprendizagem, tendo em vista que o ensino superior hoje não é mais garantia de um emprego estável no futuro, mas um público que pode, por outro lado, ser muito mais exigente quanto à qualidade do curso oferecido, tendo em vista especialmente o alto grau de competitividade do mercado de trabalho.
Podemos concluir que o professor universitário não se forma, hoje, para atuar necessariamente em uma universidade, porém, num complexo sistema de ensino superior, que envolve diferentes instituições e tipos de cursos. Mas, mais que isso, além de preparar-se para agir neste meio, para trabalhar com o novo perfil de alunos que chegam ao ensino superior, como também com o novo perfil exigido dos egressos do ensino superior, acreditamos que seja necessário a este professor conhecer esta realidade e saber entendê-la e analisá-la, ou seja, torna-se necessário que o professor desenvolva estratégias que permitam a ele refletir sobre sua docência e o contexto mais amplo no qual ela se acha inserida.
Os saberes não obtidos na formação inicial nem pela formação em nível de pós-graduação, serão obtidos ao longo da carreira, com a labuta do dia a dia, decorrentes de um espírito investigativo e inovador da sua prática docente, lembrando que os saberes que fazem parte do trabalho do professor universitário são, principalmente, o estudo e a pesquisa; a docência, sua organização e o aperfeiçoamento de ambas; a comunicação de suas investigações; a inovação e a comunicação das inovações pedagógicas; a orientação (tutoria) e a avaliação dos alunos; a participação responsável na seleção de outros professores.
Portanto, a indissociabilidade entre ensino, pesquisa, extensão gestão e representação/consultorias institucionais, a perspectiva de produção de conhecimento e a autonomia de pensamento, o incentivo à criticidade e à criatividade, a flexibilização de espaços, tempos e modos de aprendizagem, a emergência da interdisciplinaridade, a necessidade de integração teoria e prática, a necessidade de separação de dicotomias (teoria/prática, forma/conteúdo entre outras), a necessidade de domínio de novas habilidades decorrentes de avanços tecnológicos (como uso de realidade virtual), o resgate da ética, a incorporação da afetividade, a ênfase ao posicionamento político do professor e a centralização do processo educativo na aprendizagem do aluno, entre outros fatores que aqui poderíamos enumerar, alteram profundamente o perfil necessário ao professor numa instituição de ensino superior e nos chamam a atenção para a necessidade de que estes professores, ou futuros professores, estejam conscientes desses processos nos quais se acham envolvidos.